Conheça as principais danças que fazem parte da festança junina no Maranhão

Publicado em: 03/06/2024 às 07h50

Grupo de Tambor de Crioula se apresenta em São Luís — Foto: Governo do Maranhão/Divulgação

O São João do Maranhão é marcado pela diversidade de manifestações culturais. Além do bumba meu boi, há outras danças da cultura popular que enriquecem a festança junina no estado.

Ao longo do mês de junho, as ruas, praças e palcos montados por diversas cidades maranhenses, com destaque para a capital São Luís, recebem o colorido e o brilho de várias danças, como o cacuriá, o tambor de crioula, a dança portuguesa, entre outras.

onhecido pela coreografia sensual e músicas de duplo sentido, o Cacuriá é uma dança que já se enraizou na cultura popular do Maranhão. A dança foi criada em 1973, na capital, por Alauriano Campos de Almeida, folclorista conhecido como “Seu Lauro”.

O Cacuriá é inspirado no Carimbó das Caixeiras, tradição realizada ao final da festa do Divino Espírito Santo, na cidade maranhense de Alcântara. Também conhecida como bambaê de caixa, a dança das caixeiras é realizada após a derrubada do mastro, que é uma espécie de vara enfeitada que ostenta a bandeira do Divino Espírito Santo.

Após a derrubada do mastro, as caixeiras e os festeiros aproveitam para se divertir tocando o carimbó de caixas, ou ainda o baile de caixas, de maneira sensual.

Os integrantes do Cacuriá dançam em duplas, com movimentos cheios de sensualidade coreografados em uma roda, o cordão. Os pares dançam com passos marcados, muito rebolado do quadril, improviso e interação com o público.

Cada passo da dupla transmite a manifestação da cultura, crenças e costumes do povo, por meio do requebrado do corpo, bem como o contato corporal com o parceiro da dança, o riso e o olhar entre os dançantes e espectadores, o que torna essa dança provocante e excitante.

O Cacuriá é considerado uma mistura de marcha, valsa e samba. O ritmo da dança fica a cargo das caixeiras, que cantam toadas que falam sobre a natureza, crenças, brincadeiras antigas e, também, anseios da população. As toadas são ritmadas ao som das Caixas do Divino, que são instrumentos de percussão no formato de pequenos tambores feitos, geralmente, com couro de boi. Há também o uso de outros instrumentos como banjo, violão, clarinete e flauta.

Quanto as indumentárias dos brincantes, as mulheres usam blusas, em geral curtas, e saias rodadas compridas e muito coloridas. Outro aspecto marcante da indumentária feminina é a flor que as brincantes colocam no cabelo para adornar.

Quanto aos homens, em geral, a indumentária é formada por um colete sem camisa por baixo e calças curtas, ou por blusas e calças bordadas. Um detalhe importante, é que a roupa masculina sempre acompanha a estampa da roupa feminina.

No caso do Maranhão, a dança passou a ser inserida nas festividades juninas desde 1975, quando a filha de uma portuguesa, que morava em São Luís, decidiu juntar os amigos e fazer uma dança portuguesa na festa junina da escola. Com o sucesso da apresentação, a mãe da aluna decidiu montar um grupo para ensinar a dança, nascia aí o primeiro grupo de Dança Portuguesa no Maranhão.

Na tese de doutorado em Arte, desenvolvida pela pesquisadora maranhense Tânia Cristina Costa Ribeiro, intitulada: ‘É uma dança portuguesa com certeza? Um estudo sobre formas de pertencimentos, processos de criação e influências da dança Portuguesa do Maranhão’, ela destaca que no Estado, essa dança se caracteriza como uma manifestação cênica apresentada durante as festas juninas, nos arraiais das cidades, bem como em praças e ruas das comunidades, nos pátios de igreja, entre outros lugares. A tradição é muito presente na capital e nas cidades de Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar, que fazem parte da Região Metropolitana de São Luís, bem como em cidades da Baixada Maranhense.

Os participantes da dança, geralmente, usam um figurino exuberante, com paetês, plumas, longas botas em veludo, capas e com bordados e cores variadas. As mulheres costumam usar meias, leques e lenços. Os trajes delas, em geral, são vestidos típicos de Portugal. Enquanto que e os homens usam chapéus, luvas e bengalas.

A Dança Portuguesa do Maranhão mistura alguns elementos de outras expressões culturais na forma de dançar e montar os pares, como a quadrilha, o Cacuriá, a dança do Caroça e a dança do Boiadeiro. A dança também utiliza elementos do Vira e do Malhão de Portugal, o que se pode observar na postura dos braços, das formações circulares e do emprego dos giros.

Assim como a indumentária e a dança, as músicas utilizadas pelos grupos de Dança Portuguesa são de origem lusitana. A manifestação cultural traz um repertório musical que junta mixagens com seleções de músicas tradicionais de Portugal e outros gêneros. Os brincantes dançam ao som de fados e viras, sempre aos pares.

O Lelê, também conhecido como dança do péla-porco, junta ritos, associados aos gingados. A origem do lelê remonta à influência da dança ibérica, sobretudo na instrumentação utilizada para a performance dos brincantes, com violões, cavaquinhos, flautas e rabecas.

A história também registra que a dança do lelê sofreu certa influência dos franceses, até assumir a sua forma folclórica – datada, segundo informações, desde o século XIX – na região do Munim, em municípios maranhenses como Axixá e Rosário.

Os dançantes, no salão, costumam movimentar-se em honra aos santos, sob as ordens do mandante, que dá a regência para que os grupos se enfileirem, entre homens e mulheres. Com quatro partes, os ritos têm início com o ‘chorado’. É o momento em que os convites se iniciam, para o encaminhamento da ‘dança grande’, considerada a parte fundamental do lelê, quando os pares se cortejam mutuamente.

Uma das manifestações culturais que resiste ao longo das décadas é a dança do coco. Com músicas e letras simples, a dança do coco era muito forte na Região dos Cocais, mas também marca presença em São Luís, capital do estado.

Mesmo com presença marcante no Maranhão, há controvérsia com relação ao local de origem da dança do coco: Uns dizem que foi no Estado do Pernambuco, outros citam a Paraíba. Há também quem defenda que a dança surgiu em Alagoas.

A dança do coco tem influências indígena e africana, como boa parte das festas folclóricas do Brasil. A maioria dos folcloristas concorda, no entanto, que a dança do coco teve origem no canto das quebradeiras de coco, durante a procura pelo fruto na mata e que, só depois, se transformou em ritmo dançado.

A dança do coco é realizada em roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos. Originalmente há um cantador que puxa as músicas, mas, atualmente, essa figura tem perdido espaço na dança.

Outra característica do coco de roda, como também é conhecida a dança do coco, é a cadência do som dos pés batendo no chão. A sonoridade é completada com as batidas do coco que os dançarinos carregam nas mãos. Adereços como o machadinho e o cofo também sempre aparecem nas rodas de dança.

 G1 Maranhao

 

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